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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Escapismo



Estamos, todos, sempre à antessala do adeus,

No corredor entre o agora e o nunca,

Às portas da despedida certa,

Atravessando incógnitas...


E nos adiamos.

Seguimos adiando abraços e eu te amos,

Como se o depois fosse certo,

Como se fim fosse fantasia,,

Fato somente para os outros,

Distante.


Temos todos a sentença escrita

Deixando evaporar as tintas,

Desdenhando os pincéis de desenhar e colorir presente.


Estamos, todos, às vésperas de estar ausentes,

Esperando por amanhã para fazer,

Pagando pra ver.




     

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Composição



Sou inteira sendo pedaços.

A cada passo me construo e me desgasto

Perdendo, polindo arestas,

Tirando espinhos

Para acontecer flor.

Alegria não é sem dor.

Viver pleno é de ser grande e ser pequeno.

Assim, sou inteira e sou pedaços,

Ente do espaço,

Viajante do coração,

Crescendo com soma e subtração. 





quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

A cada manhã

 


Não basta que amanheça do lado de fora.

É imperioso que ser alvoreça a cada manhã.

Que se aclare, renove suas cores,

Dê-se o parto de produzir-se pujante, impulsionado.

Que dê ânimo à alma a cada acordar.


Não basta que céu de fora azule, claro.

Pode bem acinzentar-se, continuando divino.

Importante que se crie céu dentro,

Limpando peito, acalentando coração,

Amanhando a mente

Para escrever dias com delicadezas.


Que brindemos a beleza de viver de novo e mais.



  

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Vício

 


Não preciso fumar,

Não preciso cheirar,

Não preciso beber.


Meu vício é viver.




segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

O nome disso

 


Sabe quando silêncio de dois é um só,

Quando calar é falar

E olhar desenha tudo

Em negrito e colorido ?


Sabe quando um abraço embrulha,

Empacota presente,

Ata sem apertar,

Faz laço sem nó

E de singulares faz plural ?


Sabe quando num instante

Seres atinam, concordam,

Exclamam

Sem precisar perguntar ?


Sabe o que é aprender

Sem que se tente ensinar ?


O nome disso é amar.



sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Das despedidas

 


Cada nova despedida

Acorda uma dor sepultada.

Cicatrizam as feridas 

Sobre a pele judiada.

O buraco é coberto

Se a história é contada.


A pele injuriada 

Não mais é pele que já foi.

É sabido que em corpo ferido

Há ser que sente

Transportado de um antes,

Tatuado por passado.




quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Elixir

 


É com poesia que engrosso a sopa de palavras

Das prosas pobres, cotidianas, corriqueiras.


Seriam ralas as minhas refeições,

Rasos os meus pratos

Não fossem repletos, fartos

De suas substâncias, 

De seus temperos.


Eu subsistiria,

Assim não ficaria,

De-mente saudável,

Não fosse esse elixir.